O
velho truque da dominação simbólica
A dominação como uma
probabilidade de conseguir um respeito, uma obediência, por um tempo ou por um
mandato, fundamenta-se por uma condição de submissão. E depende de interesses pessoais
e particulares, entre dominados e dominadores, um comum acordo entre as partes.
Também podendo acontecer por hábitos repetitivos, atos cegos, históricos e arquétipos.
O costume e o habito de obedecer.
A dominação como resultado de
uma violência simbólica invisível às próprias vítimas, violências simples e
suaves. Atos exercidos pelas vias da informação, da comunicação, e do
conhecimento (Bourdieu). Dominação entre classes de habitus diferentes, hexis
corporais de opostos e complementares (idem). Tempos breves, perigosos e
espetaculares, a lavoura e a colheita; a criação e a degustação, a construção e
o aproveitamento, os legados e os grandes eventos.
Crescemos lendo histórias em
quadrinhos (HQ), do Walt Disney. Com personagens de pés descalços. Lendo
pensamentos e falas em balões, de animais que pensavam e falavam, agiam e
informavam. Frases e palavras dos animais classificados como irracionais. E
muitos deles eram patos. Com os sobrinhos do Pato Donald acreditamos que
poderíamos ser escoteiros, com soluções infalíveis, e para isto era só
consultar o manual do escoteiro mirim, que teria resposta e solução para tudo. Com
o professor pardal poderíamos ser inventivos e criativos. Com o Zé Carioca, um papagaio,
uma ave tropical, o jeito malandro do carioca e do brasileiro. E patetas como o
Pateta. Ter professores como o Professor Ludovico (que lembra Câmara Cascudo). Sobrinhos
sem pais e sem mães. Os sobrinhos sempre eram os maiorais, os estudiosos e os
mais espertos perante os tios adultos. Um incentivo e modelo para crianças. A
utopia inalcançável, seria ser tal como o Tio Patinhas.
E por fim descobrimos e que
havia uma simbologia oculta, dirigida ao inconsciente, onde o Tio Patinhas
representava os EUA, e o Tio Patacônico representava a URSS. Tantos os dois
países, quanto os dois tios travavam uma guerra fria, sem ataques e sem
agressões físicas, apenas insultos e disputas, para chegar ou alcançar um
lugar, ou uma posição, uma condição. E os sobrinhos representavam os países
subdesenvolvidos, dependentes dos tios ricos e sovinas. Haja visto que os patos
só usavam camisas, e de marujos. Filhos de tios, sem pais e sem mães. Mas
existia uma avó, a vovó Donalda e algumas bruxas: Madame Mim e Pata Patológica.
E todos os personagens das histórias em quadrinhos estavam submissos aos dois
patos arquimilionários, moradores, controladores e detentores da cidade de
Patópolis. O mais destacado era o Tio Patinhas, sempre ameaçado pelos Irmãos
Metralhas, que articulavam planos para entrar na caixa forte, onde era guardada
a fortuna do Tio Patinhas.
E o sonho de jovens mais abastados,
era conhecer ao vivo a Disneylândia, a cidade de Disney, a cidade imaginária,
oculta e revelada, nas páginas das HQ. A possibilidade de viajar para o
exterior, conhecer um pais. Fazer intercâmbios culturais e idiomáticos. Conhecer
cenários vistos nas telas de cinema, com personagens e aventuras. O norteamento
de ideias e culturas.
A construção de pensamentos e
comportamentos desde a infância, um norteamento tal como o “oriente-se”, igual
a olhe para o oriente. E para isto foi utilizada a mídia. Com histórias e
personagens, criando ideias e expectativas. O terceiro mundo, os países denominados
e classificados de subdesenvolvidos, sempre como patos para o primeiro mundo,
os autodenominados como países desenvolvidos. Visões e interpretações a partir da
leitura do livro dos chilenos: Ariel Dorfman y Armand Mattelart (Para leer al Pato Donald).
E com os três irmãos patinhos,
criados sem pai e sem mãe, criados pelo tio pobre e marinheiro, explorados pelo
tio rico. Podemos observar uma grande coincidência com presidentes na América
do Sul. Os irmãos Huguinho, Zezinho e Luizinho, cresceram e tonaram-se
presidentes: Chávez, Mojica e Lula.
Indígenas e africanos foram escravizados,
estabeleceram-se e se criaram na América Latina. Nações de povos antigos foram
dizimadas, em nome da busca de minerais. Um conjunto de submissões, físicas e
ideológicas, praticadas por aqueles que habitavam a parte de cima do globo terrestre.
O velho truque da supremacia, o bem e o bom, disputando com o mal e o mau. O
Lobo Mau e os Três porquinhos.
Nos filmes de guerra o
vencedor sempre é o americano. Modelos foram criados a partir de filmes: a
mulher dona de casa no período pós-guerra; o Papai que sabia tudo; viagens ao
céu e ao infinito; viagens no tempo e no espaço; viagens ao fundo do mar;
invasões de extraterrestres e outros. Um mundo de aventuras e de desejos; de
informação e de conhecimento.
Guerra, sombra e água fresca. Para
os amigos tudo, e para os inimigos a lei. O homem civilizado sobre o homem
incivilizado. O aculturado sobre o sem cultura. O animal racional sobre o
animal irracional. A luta do Controle sobre a Kaos, o Agente 86 e a Agente 99,
controlados e obedecendo o Chef, the Boss.
A longo da formação histórica
do Brasil, diversos fatos aconteceram para determinar uma estratégia de
dominação. Submissão e domínio, pelo chicote, pela economia, e pela ciência. A
começar pela subestimação dos povos, provocando uma diferença de status, e a capacidade
no contexto social. Índios e negros foram inferiorizados perante a corte, e diante
da ciência. Escravizados fortaleciam o capitalismo, mão de obra para novas
mercadorias.
O conceito de evolução de
Darwin, definiu a evolução dos animais e dos homens. Com pirâmides desenhadas,
os psicólogos, os sociólogos, e os economistas, dividiram os espaços sociais
ocupados. Povos desenvolvidos, subdesenvolvidos, e em desenvolvimento. Classes A,
B, e C, e classes na periferia. Também temos a notícia histórica que degredados,
bandidos e outros fora da lei, os à margem da sociedade, foram enviados de
Portugal para o Brasil, para ocupar as novas terras descobertas. O capitalismo
implantado com o respaldo da ciência. Uma terra formada por povos e pessoas de
baixas classes sociais e intelectuais. A mata tropical como uma ameaça, a ser
desbravada, na busca de pedras preciosas, ouro e prata.
Um Novo Mundo diante de um
Velho Mundo, a condição de respeito entre os mais jovens e os mais velhos. O
hemisfério Norte acima do hemisfério Sul, a condição de superioridade, dando
norteamento de ideias, conceitos e valores. Mapas com proporções e posições
distorcidas. O descobrimento por descobridores. A colonização exercida por
colonizadores. A conversão ao catolicismo como instrumento de dominadores sobre
os pecadores. A escrita como domínio do discurso verbal, perpetuando falas e
ideias, fortalecida pela imprensa de Gutemberg, após 1500. A pólvora como
superioridade do arco e da flecha. Fotos e imagens em telas, como perpetuação
de atos e momentos, à luz do artista.
Na história, o continente
americano, batizado em nome de Américo Vespúcio, foi descoberto por marinheiros
espanhóis e portugueses, embarcados em frotas, comandados por capitães, a
autoridade máxima, dos navios e das missões, na terra e no mar. Cabral
descobriu o Brasil, ou foi encontrado perdido, à deriva, pelos índios presentes
e nativos. Como os índios não tinham um sistema de escrita, ficou valendo o dito
e escrito, o que Pero Vaz de Caminha, escreveu, descreveu e criou, contou ou
inventou, não há contra-argumento. Mas há indícios que outros povos desembarcaram
antes de Cabral em outras praias. Prevaleceu os documentos emitidos por sua
esquadra. Depois de descoberto, o Brasil tornou-se colônia de Portugal. Sofreu
invasões de holandeses e franceses. A presença maciça da Europa, uma
europeização da Terra Brasilis. O refúgio da Família Real.
O Brasil sempre inferiorizado,
precisou da chegada de imigrantes para criar uma agricultura, mesmo que de
subsistência. A chegada de imigrantes também tinha o objetivo de criar um
branqueamento da população, depois da abolição. O Brasil foi incentivado a
produzir alimentos para o mundo, como uma grande criação de futuro e desenvolvimento.
Viveu e vive da missão dada e interiorizada, o arquétipo: de que aqui tudo que
se planta dá; “Brasil o celeiro do mundo”; “Trampolim da Vitória”. Na bandeira
brasileira há apenas uma estrela acima da linha do Equador. Segundo consta
seria a estrela que representa o estado do Pará, mas pode ser a Estrela do
Norte, símbolo de orientação marítima no hemisfério Norte.
O Brasil precisou que outros explorassem
e transformassem os recursos minerais. Precisou de quem criasse uma tecnologia.
Precisou de CT&I: Ciência, tecnologia e inovação, informação; precisa de
gestão e de qualidade. Criam-se problemas para vender soluções. Agora chega a
reinvenção do turismo. O mesmo turismo, que outros povos já fizeram em outras
épocas. Chegar, desembarcar e desfrutar. Mas agora é necessário se qualificar
para bem receber, e uns trocados ganhar.
Hoje o pais vive dependente de
multinacionais ligadas ao segmento de farmacologia. Multinacionais que produzem
fertilizantes e sementes, complementadas pelas maquinas e implementos agrícolas.
Maquinas agrícolas conectadas com satélites controlando seus movimentos, suas
paralizações, suas semeaduras e suas colheitas. O mercado internacional já tem
conhecimento de produções, safras e estoques, meteorologia e climatologia,
podendo influenciar preços e cotações nos mercados de mercadorias, e mercados
futuros. Bolsas de valores e bolsas de alimentos e mantimentos internacionais. Controlam
a meteorologia, e tentam opinar na geografia e na geologia.
Após a Primeira Guerra, o país
serviu de pista de pouso para os franceses que criaram a primeira linha aérea postal,
passando pela África e atravessando o Atlântico com escala em Natal/RN. Foram
até Montevideo, e cruzaram os Andes para chegar no Chile. E novamente a Europa,
primeiro chegam na África, para depois desembarcar no Brasil. Europeus primeiro
passam pela África para depois correr o mundo. Natal como ponto de apoio e
reabastecimento para outras jornadas. Enquanto não existia o canal do Panamá, Natal/RN
foi ponto de apoio para navios, que atracavam em busca de água, e talvez alguns
mantimentos, para depois contornar o continente. Acredita-se hoje que aviões
possam pousar em Natal, para abastecer, com a redução no preço do QAV.
A Europa sempre precisou do
Brasil e da África, como ponto de apoio e exploração de recursos minerais e
vegetais, inclusive mão de obra. A partir da África e do Brasil, os franceses
dão a volta ao mundo. Alguns franceses passaram pela África. Pierre Bourdieu (sociologia),
e Pierre Latecoere (correio postal), são exemplos (Dois Pierres - 2ПRs), que
deram a volta no mundo. Pierre Teilhard de Chardin, foi outro exemplo, na
teologia, passou pelo Egito. Americanos e ingleses também criaram seus
conceitos e preceitos, seus limites e suas conquistas, suas estratégias. Um de
frente para o outro. Determinaram e criaram uma linha entre os dois países, de
conhecimento e de força. Nylon (Ny + Lon. New York e London). Onde há uma
grande frequência aérea e marítima.
Segundas novas avaliações de
especialistas internacionais, é chegada a vez de os chineses dominarem o mundo:
por conhecimento, por produção, por consumo, ou por população. Um dia
descobriram a pólvora, o que facilitou novas ocupações e explorações. Já pescam
e exportam o que pescam na costa do Brasil. Desejam uma estrada de ferro
cortando a América do Sul, do Atlântico ao Pacifico.
Antes da Segunda Guerra aconteceu
um encontro entre presidentes, dos EUA e do Brasil, realizado em Natal/RN, onde
assinaram um acordo de cooperação entre Brasil e EUA. E Natal ganhou o título
de Trampolim da Vitória. A vitória que o primeiro mundo queria sobre a Alemanha
e seus aliados.
E agora o grande tema de
discussão em Natal/RN é a ampliação do porto marítimo para facilitar ações de
um HUB, em um aeroporto que não está totalmente pronto. O ministro do turismo
chega com a ideia da salvação. Coincidentemente o ministro é potiguar, fala a
língua dos nativos, conhece o terreno. O velho truque de cativar um filho da terra,
para mostrar o caminho. Assim fizeram os europeus, cativaram os índios para
mostrar os caminhos e as riquezas.
A ideia inovadora e
mirabolante que o turismo é a taboa de salvação do pais. A oportunidade de
tirar um povo da miséria, a miséria construída. Acabar com miséria produzida ao
longo da história desde os idos de 1500, quando o Brasil estava perdido, sem
conhecimento e sem religião. Perdido no meio de um oceano entre Portugal e as
índias. Como não chegaram as índias, denominaram de índios os que aqui estavam
em harmonia com a natureza. Desembarcaram e usaram velhos truques para enganar
os nativos, com cacos de espelhos, e galinhas. Com suas vestes coloridas e
pomposas, com pólvora e gestos.
O ministro do turismo traz
ideias mirabolantes para resolver o problema de Natal, como investimento
turístico desmatando e assoreando áreas que até o momento estão preservadas. O
cartel politípico, aposta todas as fichas no turismo. Políticos internacionalizados,
que participam de eventos voltados a disponibilização do Brasil aos que sempre
inventaram e criaram ideias solucionadoras, depois de inventarem os problemas. As
reuniões: XVII Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos – 2014 em Brasília/DF
e XIX Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais – “Mudanças
Globais e os Novos Rumos” – 2015 em Vitória/ES – O maior evento parlamentar da América
Latina.
Como diria um detetive de uma série
televisiva: o velho truque da dominação, e da criação de confusão para
confundir ideias e pensamentos. Criar uma desestabilização, uma disputa para
dividir forças e pensamentos; ideias e desenvolvimento. Uma disputa entre
estados foi criada para sediar o HUB da LATAM. Um povo dividido tem uma menor
força de pensamento e negociação. Fica atento aos seus problemas, e tenta
driblar seus concorrentes, não enxerga tudo como um todo. O HUB como facilidade
à LATAM, vendendo serviços a outras empresas aéreas, trocando taxas e serviços.
Minerais já foram explorados e
retirados provocando desertificação e assoreamento; grãos são plantados
provocando desmatamento. Grãos que alimentam animais produzidos para
exportação. Quantidades de água enormes são agregadas às produções agrícolas e
animais, sem fazer parte de uma composição final de preços. Satélites e
pesquisadores a todo instante, a todo momento. Enxergam do alto o que não é
possível enxergar no solo, ou no subsolo. O que se tem agora para explorar
neste novo segmento?
Segundo o título de um livro (Primeiro
como tragédia, depois como farsa), de Slavoj Zizek, filosofo e psicanalista
marxista. As ideias e investimentos primeiro se apresentam como tragédia,
depois de se apresentam como farsa. Estamos sempre ouvindo as tragédias por
acontecer, e convocados a colaborar para não acontecer, ou pelo menos não
antecipar seus acontecimentos. Mas depois entendemos que era uma farsa. Havia
algo oculto que não foi declarado.
Com o aquecimento global foi
declarado que era preciso reduzir as emissões de monóxido de carbono. E as
indústrias automobilísticas nunca venderam tanto automóveis a partir deste
momento. No trecho entre Natal/RN e Parnamirim/RN, na BR 101, há pátios repletos
de automóveis novos e usados, esperando o momento de entrar em circulação.
Ainda que não exista mais espaços nas ruas. Por diversas vezes a população foi
motivada e convocada para economizar energia elétrica. Com a economia de
energia, e com o baixo faturamento das empresas de energia elétrica,
aumentou-se as tarifas.
No momento a população é
convocada a economizar água. E o agronegócio é sempre incentivado. O Exército está
fazendo o que as empreiteiras não fizeram na transposição do Rio São Francisco.
Com a construção do canal, e pouco volume de água, vai ser necessário escolher o
caminho das aguas. Não há tratamento de esgoto por onde o canal passar. Agua
colhida, resulta em água usada. O que é ruim agora pode ficar pior depois.
Zizek utiliza-se
constantemente das mensagens transmitidas pela indústria cultural e midiática
(guias de Filosofia - Karl Marx. Ed. Escala). Descreve o mundo oco da sociedade
pós-política, a degradação da realidade pela virtualização, o analógico pela
digitabilidade, do espaço social e cultural, a criação de uma sociedade
artificial (idem).
Os textos denominados com
artigos científicos circulam em revistas científicas e especializadas,
restritas a uma comunidade. Uma discriminação de formatação é determinada,
critérios de digitação e formatação do texto como: tipo e tamanho de fonte,
espaços entre linhas e parágrafos. Corpo do texto, com critérios normatizados e
utilizados. Modelos e regras de textos, resumos e bibliografias. Tudo é criado
para uma redução de autores e quantidade textos concorrentes. Reduz-se o número
de autores e leitores, para que o conhecimento esteja restringido a um grupo
selecionado. Um grupo seleto é convocado para fazer escolhas de textos que
possam ser autorizados a participar de um grupo restrito.
A COPA e o PAC prometeram fazer tudo, e deixaram
tudo por terminar. Prometeram acessibilidades e facilidades. Agora criam novas
expectativas, criam uma disputa entre quem não tem muito o que oferecer.
Criaram um BUG interno, uma disputa entre tres estados para sediar um HUG da
TAM ou da LATAM umsa mistura economica e logistica de Lan Chile e TAM. Uma antiga estrategia de dividir, para desestabilizar,
não enxergar. Cortinas de fumaça são lançadas, diante os problemas. O velho
truque de prometer e classificar como: índio, não civilisado, dependente, como
incompetente, em desenvolvimento e subdesenvolvido. O velho truque continua.
Entre Natal/RN e Parnamirim/RN, 22 de junho de 2015
Roberto Cardoso (Maracajá)
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IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte
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INRGN – Instituto Norte-rio-grandense de
Genealogia
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PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria
Colunista em Informática – 2013.
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PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria
Colunista em Informática – 2014.
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Escritor; Ensaísta; Articulista
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Jornalista Científico (FAPERN-UFRN-CNPq).
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Desenvolvedor de Komunikologia.
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