Um
conhecimento que circula pelas ruas (3)
O ato de negociar levou a
uma necessidade de se comunicar, uma comunicação compreensível por ambas às
partes do negocio. E a necessidade de cada vez ir mais longe para comprar e negociar,
foi deixando marcas e sinais pelo caminho. Primeiro foram os deslocamentos
terrestres, com comboios formados por montarias, que transportavam mercadorias.
Com regras e caminhos a seguir, um tempo e um local para chegar. Dos caminhos e
picadas, passaram carroças e carruagens, então surgiram as estradas.
O uso das embarcações
criaram regras para as navegações, promovendo a segurança de todos: passageiros,
tripulantes e mercadorias, bens comerciais e bens intelectuais. Segurança para
um lugar onde em situação de emergência não haveria terra para pisar. Regras de
embarque e desembarque para mercadorias e passageiros, bem como as regras de
deslocamento das embarcações. Regras à principio simples, como a preferência de
uma embarcação sobre a outra, baseada em seu tamanho, mobilidade e velocidade. Preferências entre atracar e desatracar, um
barco ou um navio; entrar ou sair de um porto e até como passar por um canal.
Regras de uma condição macro (com grandes navios, em grandes espaços), e regras
em um universo micro (pequenos barcos em pequenos espaços). Regras de cabotagem
e longo curso, com carga geral e cargas específicas.
E regras existem sobre ruas
e calçadas, canais de circulação de carros e pedestres. Espaços destinados a
uns e a outros. Regras de travessias e manobras, assim como barcos e navios, os
pedestres e os carros também fazem travessias e manobras. Na visão holística
oriental, ruas e avenidas são como os rios que fluem.
Regras existem para paradas
e estacionamento, embarque e desembarque de passageiros. Espaços para veículos
automotores, com alta ou baixa velocidade. Espaços para ciclistas e
motociclistas. Espaços para pedestres com autolocomoção e pedestres portadores
de uma insuficiência ou deficiência de locomoção. Pedestres com capacidades
auditivas e visuais plenas, e pedestres com uma deficiência da capacidade
auditiva e visual. Cada ser humano tem uma capacidade de carga intelectual e
uma capacidade de locomoção e visualização; uma velocidade e uma mobilidade.
Assim como foram criadas
regras para grandes equipamentos de transportes, também foram criadas regras de
comportamentos e deslocamentos para as pessoas. O macro e o micro, com suas
devidas proporções. Cada ser tem uma travessia a realizar, uma carga e uma
missão a entregar. Cada um pode carregar pastas ou envelopes; sacos ou sacolas;
bolsas ou maletas; embrulhos ou pacotes. E regras entre pessoas podem estar simplesmente
descritas e simbolizadas no chão, sobre uma caçada ou um calçadão, entre o meio
fio e o paredão.
Em principio partimos das chamadas
regras de comportamento e regras de boa conduta, contidas no conhecimento da
boa educação. O tempo e o lugar são definidos, com regras próprias. Enquanto as
cidades eram pequenas, e as famílias se conheciam, primou-se por uma boa
educação, que vinha de berço ou de casa. Enquanto as crianças brincavam nas
calçadas, nas ruas e nas praças, em terrenos baldios, o espaço de convivência
da garotada, cada qual deveria vir com uma educação de casa, respeitando
direitos e limites do outro. As brincadeiras infantis realizadas nas ruas
estabeleciam uma regra não escrita, mas respeitada, calcada em respeitos e bens
morais. Quem não sabe brincar não desce para o play.
A partir do momento que a
cidade cresce, a educação sai de casa para ser contida nos currículos
escolares. Agora as escolas, sendo o local da convivência diária entre a população
na idade escolar. A escola ensina seus alunos a andar e se comportar nas ruas,
com visitas a museus, monumentos históricos, e indústrias. Entram educadamente
em filas para acessos aos patrimônios públicos e nos sistemas de transportes,
que os conduzem da escola ao local a ser visitado. Com cantinas, refeitórios e
lanchonetes o comportamento nas refeições.
A idade escolar termina, e a
convivência da população passa a ser nas ruas. Volta para as ruas, e agora ruas
com um maior movimento, onde não é possível sentar na calçada, para uma
brincadeira de pique ou bola de gude. Agora a rua é um espaço de locomoção. A
pé ou de carro com regras de convivência, conveniência e locomoção. Sem uma
casa ou uma escola, o aprendizado adquirido ao longo do tempo dever ser usado.
Sem um controle de vigilância rígido, tudo que foi aprendido pode não ser
respeitado. Cabe ao poder publico estabelecer e cobrar as regras de convivência
e comportamento em grandes aglomerações. Cabe a cada cidadão cobrar e lembrar o
outro sobre os espaços demarcados.
Obter uma carteira de
habilitação requer saber ler e escrever; ter o conhecimento do código e leis de
transito; e principalmente educação. Habilidade na direção de um automóvel e
habilidade na interpretação de símbolos e desenhos no mobiliário urbano.
Um estabelecimento que
ofereça vagas para veículos na porta pode estar criando uma discriminação entre
o que tem um poder aquisitivo maior, e outro com um poder aquisitivo
supostamente menor. Ainda que ambos possam gastar em diferentes proporções,
independente de seu meio de locomoção. O estabelecimento erra por submeter ao
pedestre desviar de um carro ocupando um espaço desde a parede ao meio fio.
Submete o pedestre a disputar um espaço nas ruas, onde a principio é um espaço
destinado ao carro, enquanto carros estacionam sobre calçadas um espaço
destinado a pedestres. Uma calçada ocupada por carros impede o ato de circular
e negociar. Atos que circulam pelas ruas o tempo todo.
O automóvel foi feito para
andar e circular. O proprietário que deseja manter seu automóvel parado, que
pare na garagem de casa, o local mais seguro e protegido para manter o carro
parado. Calçadas foram feitas para pedestres, para circular e acessar imóveis
residenciais, industriais ou comerciais. Pisos diferenciados determinam
pedestres diferenciados. Lembrando aquele ditado: Quem não sabe brincar não
desce para o play; Quem não sabe usar o espaço publico que fique em casa.
Natal,
01/02/15
Natal/RN
02/02/15
http://issuu.com/jornaldehoje/docs/02022015/2…
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