O
uso da cultura
como estratégia de segurança
de uma cidade
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Por mais que se diga que um
governo pratique a divulgação da cultura local, é do povo que vive nas ruas e
nos arrabaldes, que surge a cultura. Por mais que se diga que um governante
prioriza a cultura, as suas ações estão direcionadas a um povo que modifica a
cultura. Constrói e valoriza a cultura ao longo do tempo. Por mais que se diga que determinada pessoa
pratique, divulgue e valorize a cultura, ela não emana de apenas uma pessoa,
mas de um povo emanado em conjunto. A conservação e o resgate, estão em poder
de um grupo restrito, que cultua e preserva em atos ou livros. Registros
gráficos, fotográficos e cinematográficos, para perpetuarem no tempo, e com outras
estratégias de TIs.
Por mais que se diga que algo
é cultura, perde-se um grande tempo em elencar o que é cultura, e a quem
pertence determinada cultura. Como foi formado o conceito de cultura, e aquela
manifestação apontada. Existem culturas de artes, de culinárias, de usos, e
culturas de comportamentos. Um extenso elenco de cultura, perpetuado, e em um
tempo. O palco da cultura está nas ruas, o espaço lúdico e público.
Por mais que se diga que a
cultura está contida em livros e textos, em livrarias ou bibliotecas. Foi nas
ruas, que foram coletadas as manifestações, as festas e os costumes, para se
tornarem literatura. Alguém coletou, estudou, classificou e descreveu, com o
uso de letras e palavras, fatos e costumes observados nas ruas. E até gravuras,
pinturas e fotografias. Das ruas como sítios arqueológicos, de coleta de dados.
Os fatos e causos seguem para um laboratório, de química, física ou biologia;
laboratórios da psicologia e sociologia contidos nas cabeças dos fotógrafos,
pintores, desenhistas e escritores. A partir de ideias e pensamentos, com
comportamentos psicológicos ou sociais, individuais ou coletivos. E é produzido
um texto sobre uma tela, pintadas com traços, cores e letras.
Por vezes coleções de livros, surgem
a partir de artigos e monografias, dissertações e teses. Normas e critérios da
academia que diz produzir conhecimento. Diagnosticando,
teorizando, tabulando, classificando, ..... Dizendo o que é, e o que não é
cultura, sem o voto ou a opinião do povo, o produtor de cultura.
O turista pode chegar a uma
cidade, e conhecer a cultura do local, em praças e feiras, avenidas e mercados.
E levar um livro de um escritor local, como lembrança de uma estadia,
aumentando o seu conhecimento. Retornando ao local, fará outras incursões para
novos esclarecimentos e conhecimentos. O envolvimento com a cultura, através de
uma imersão. Fotos e gravuras também cabem muito bem, em uma mala, em pastas,
ou simplesmente enroladas. Um canudo representando um conhecimento. O
conhecimento adquirido em uma viagem. O arquétipo do darwinismo. Um canudo documentando, um curso rapido de
história e geografia.
Livros, com teorias e teses
podem ser, e na maioria são, construídos e criados por mestres e doutores, e
para mestres e doutores, excluindo os atores. Atores sociais, em diversas
camadas da sociedade, classificados em castas, entre o inculto e o mais culto.
E seus textos e discursos, em ambiente acadêmico, quanto mais rebuscados e
difíceis, a sua compreensão, mais valorosos e famosos ficam diante de seus
colegas.
Mas boa parte da cultura não
está escrita, ela é executada e exercitada pelo povo nas ruas. As cidades com
seus espaços públicos de avenidas, ruas e praças. E é a acessibilidade quem
abre alas para cultura, com calçadas, rampas e faixas para pedestres. Praças
vazias e avenidas com carros é ausência de povo exercendo uma cultura, no
espaço cultural, as ruas. Ruas e calçadas infestadas de carros é excesso de
industrialização. Cada carro ocupa o espaço de várias pessoas, em praças ruas
ou calçadas. Impedem pedestres de atravessar as ruas e chegar em outras praças
ou calçadas. Impedidos de promover e acessar a cultura.
Cultura de carros, ocupar
rampas e calçadas, atropelar turistas e ciclistas, não é uma cultura desejada. Aos
governantes cabe governar a cidade. Administrar problemas. Administrar vias de
acesso para uma diversidade de atores, com estratégias de deslocamentos diversos.
Necessitam exercer seus atos, seus deslocamentos, seus conhecimentos. Saberes e
sabores, precisam ser repartidos.
Uma população movimenta uma
cidade; trabalha, estuda, desloca-se, gera impostos, andando ou parado. Morando
gera IPTU, trabalhando gera ISS, consumindo gera ICM. Pode produzir bens e
serviços. E outros impostos diversos embutidos em produtos, serviços e
mercadorias. Existe um conhecimento fora das escolas, que pode ser adquirido
nas ruas. Como a geografia e a história, as origens da cidade. Com um simples
observar de placas com o nome da rua. E estatuas ou esculturas em praças.
A cultura emana do povo, e
cabe a prefeitura preservar a cultura de hábitos e raízes, evitando uma cultura
de desprezo e desconsideração entres seus moradores, seus atores sociais. E que
não chegue a uma cultura de bang-bang, ou do legendário sertão.
Natal
como um case cultural
Natal está em território
potiguar, a evidencia da presença indígena. Uma cidade que já foi invadida e
preterida por outros povos. Invasões nem sempre pelo uso da força ou da
pólvora, mas pela presença e o uso de outras culturas, com modas e costumes.
Por fim Natal não criou uma identidade. Resultou em uma cidade mista, com tudo
junto e misturado. Entre o mar e a terra, entre o brasileiro e o estrangeiro. O
ponto de apoio entre os continentes.
Da propaganda internacional
surgiu um canal de resposta.
Canal
de Resposta
Natal vem sendo divulgada pela mídia, como uma das cidades mais violentas do mundo
Resultado de divulgar para o mundo, coisas que não tem
Camelos, lagoas, dunas, bugres, e o maio cajueiro
Agora leva a culpa por inteiro
Natal vem sendo divulgada pela mídia, como uma das cidades mais violentas do mundo
Resultado de divulgar para o mundo, coisas que não tem
Camelos, lagoas, dunas, bugres, e o maio cajueiro
Agora leva a culpa por inteiro
A violência não acontece
somente por um fato, não é simplesmente aquela cometida em um delito armado. A
violência acontece com os usos e abusos do direito. Começa com o desrespeito ao
espaço do outro, como um automóvel ameaçando o pedestre, o cadeirante ou o
ciclista, tomando e ocupando o seu espaço. O uso do automóvel como arma, seja ela
branca, de status ou de poder; um bólido ou um petardo.
A cultura emana do povo, e se,
se deve dar a Cesar o que é de Cesar, deve-se dar ao povo o que é do povo.
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