sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Jardim de Jerimuns



 
 
Jardim de Jerimuns
 
Jardim de Jerimuns
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Histórias e lendas de Jardim de Jerimuns, uma cidade construída com jotas, na jusante de um rio. Diz a lenda que um dia um grande rio passava por ali, um rio com muitos peixes, havendo inclusive piranhas, além de jaús, que colocavam em risco os banhistas e animais que o rio cruzavam, juntas, jegues e jumentos amarados com jutas. O tempo passou e o rio secou. A devastação florestal e a busca do vil metal, enterrado, alteraram o ambiente fazendo o rio secar.

O rio secou e a terra esturricou sobrando um solo rachado com alguma pouca umidade onde brotavam pés de jerimuns. Em um mar de folhagens cobrindo pastagens, onde pastavam jegues e jumentos, convivendo com as jiboias, que se ocultavam entre as jutas e folhagens.

Certa vez vaqueiros e boiadeiros precisaram transferir uma juntada de gado, uma boiada, sendo necessário atravessar o mar formado pelas folhagens de jerimuns. E ao tocar a juntada, também chamada de boiada, o gado afundou e se perdeu entre as folhagens enramadas dos jerimuns. Era preciso salvar a boiada. E na tentativa de encontrar a boiada, vaqueiros entraram com facões para desmatar a folhagem descobrindo enormes jerimuns. Quanto mais desmatavam, menos descobriam o gado, só encontravam jerimuns-açu, os enormes jerimuns, muitos maiores que o gado. Eram os denominados de jerimum-açu.

Desesperados rezaram e juraram para inúmeras imagens para não perder a junta e a juntada, não perder a boiada. Rezaram para Nossa Senhora dos Aflitos, que ajudou encontrar o gado perdido entre os jerimuns-açu. Como promessa feita, ergueriam junto a folhagem, uma cidade. E junto da folhagem foi erguida uma nova cidade, com influência judaica, a margem do rio de folhagem Jerimum-Açu. E para dirigir a cidade construída em homenagem, elegeram duas mulheres que conheciam outras cidades, eram chamadas de Jane e Jenille. Juntas, as duas mulheres implantaram escolas na nova cidade, perto de Jucurutu e outra cidade jardim. Estudaram com José Eduardo, e juraram de pés e mãos juntas, em nome de Jesus, que com conhecimento e dedicação ensinariam a lição. Jane e Jenille juntavam-se em tríade com Jardia que formava outra tríade, na outra cidade. A cidade de três reis magos que formavam outra tríade. Uma sequência de tríades.

Um dia na data da cidade, chegou a tríade da outra cidade, para lançar suas ideias, juntas em letras impressas. Jardia, Johanan e Jmaior, seguiram de Jeep pela estrada de Jeremoabo com sombras de Juazeiros, e depois pela trilha do Jequi, para chegar na cidade de Jardim de Jerimuns. Era o dia da festa de Nossa Senhora dos Aflitos, padroeira da cidade Jardim de Jerimuns. Lançaram o livro na casa da justiça, evento coordenado por Jussiara e Jadinho. Festejaram na casa de Jojoba com Janaina. E juntos sentaram na jardineira do jardim da cidade, o Jurassic Park, para tomar licor de jenipapo, comemorar o lançamento e ouvir cações da amiga Juá. Jane formada em letras com conhecimento de informática, e da língua inglesa, criou um site para cidade, o Jerimum Valley traduzido por Vale do Jerimum. http://valedojerimum.blogspot.com.br/

Carta aos astros, do céu e da televisão


Carta aos astros, do céu e da televisão

 


Uma carta aberta para aqueles seres soldados no chão, vestidos com roupas amarelas, que se acham um astro do céu, das pistas e da televisão. Talvez não saibam o que é mão e contramão. Vivem muito ocupados nas ruas, e com um sorriso aberto na televisão. Estão soldados no chão, sem dar cabo da situação, não fixam peças e argumentos, como um sargento.

Mão e contramão não é somente sentido e direção, de ida ou de volta, mas é também trabalhar com critério e atenção, respeitando pedestres, ciclistas, motociclistas, condutores, independente de credo, cor ou religião; com carta no bolso ou na bolsa, na manga ou na mão. Não é por estar com carros grandes e novos, por estar de terno e de gravata que podem ser donos da mão e contramão. Não se comportam como doutores, que tanto desejam ser chamados, os de terno e engravatados. Não são donos das calçadas ou de entradas de porta e portão. Esquecem das leis da bíblia e do alcorão, mas deixam seus vade-mécuns sobre vidraças e prateleiras, ao alcance da visão. A lei de Newton diz, para toda ação há uma reação igual e em sentido contrário. A lei do universo, diz tudo que é feito, por bem ou por mal, um dia volta.

Uma carta aberta aos amarelinhos sempre muito ocupados, com ligações celulares (talvez particulares, não se sabe), com rádios na mão, e muito ocupados em ficar tricotando com outro amarelo irmão. Estão sempre muito ocupados e não podem dar atenção. Amarelos cegos, surdos e mudos. E para amarelos cegos, surdos, e mudos, uma carta aberta, pois quem sabe um letrado graduado em Libras possa ler e traduzir, explicar para aqueles pares de jarros amarelos parados no meio do caminho.

Inúmeros ônibus param no ponto, também conhecido como parada, da rua lateral, na esquina onde os pedestres sempre se dão mal, e acontece em Natal. Muitos param exatamente fora do ponto, fora da parada. Alerta aos ônibus, coletivos e alternativos que param fora do ponto, sobre a via movimentada e fora da calçada, obrigando pedestres andar pela avenida disputando espaços com os carros até chegar a uma calçada. Caminhos estreitos e apertados entre coletivos e grades, que tornam o pedestre alvo quando o ônibus sai da parada, em disparada. Amarelinhos já foram alertados, mas estavam muito ocupados, muito cansados para dar alguns passos e escrever no talão. Ainda que alguns já foram vistos parados, escrevendo em papeis bastante pequeninos. Talvez tenha receio de placas anotadas, e precisem passar a limpo, antes de usar o talão. Chovendo fica pior, os amarelinhos se escondem, tal como o Sol.

A saída do estacionamento, do grande shopping referencial, com faixa demarcada de pedestres sobre as vias de acesso, é sempre ocupada por consumidores com pressa de entrar no shopping ou sair do shopping com suas compras todas embaladas, em seus veículos motorizados. É muito comum ver e presenciar condutores em alta velocidade dispersando pedestres sobres as faixas demarcadas. Na via oposta, com outros acessos e outros caminhos. E outros consumidores desesperados tornam outras vidas expostas, com seus bólidos dourados.

Ontem (17/09) alertei a uma amarelinha sobre um taxi parado sobre a passagem de pedestres na saída na saída lateral do Midway Mall. Ela estava muito ocupada com sua ligação celular, e nem me deu atenção.

Motociclistas também são vistos trafegando por trechos de calçadas, no entorno do shopping em questão. Durante engarrafamentos e estacionamentos trafegam sobre calçadas, na frente de prédios, hospital ou livraria. Driblando leis, ou minimamente regras de respeito, e bom comportamento. Motoristas do bem estão nas ruas para sorrir com aparições de câmeras e redes. Terminado a campanha, voltam as infrações.

Um alerta aos engenheiros de escritório, com cálculos programados em planos ensaiados. E um alerta geral a passagens de pedestres localizadas em esquinas, diga-se de passagem, que deve ser uma faixa de segurança, locais quando pedestres não tem vez, em sinal aberto ou fechado. Há inúmeros veículos desesperados em fazer conversão. A falta de estrutura de engenharia em saber definir locais ideais para uma travessia. Há inúmeras faixas de pedestres que partem do nada levando a lugar nenhum. Nada como um bom caminhar pelas ruas para perceber erros e acertos, o truque dos atores de TV ao fazer imersões em ambientes, ambientações para um novo personagem antes de estrear. O poder público trabalha com atores sociais, mas seus administradores não arriscam a interpretar papeis de cidadão andando nas ruas.

Carne de sol só é bom com macaxeira, precisa ter raiz. Tapioca, feita com raiz macaxeira só é boa com um bom acompanhamento com alguns condimentos. Feijão de corda precisa ter acompanhamento de paçoca com sol e farofa da raiz macaxeira. A raiz está sobre a mesa, mas com tantas invasões e ocupações na história, o natalense não criou raiz, seu território municipal não tem zona rural. Amarelinhos já tem na camisa a cor do sol, precisam ter em suas calças a cor da raiz, fincando ideias e comportamentos sociais, e nos seus veios internos a brancura da macaxeira.

Enquanto São Paulo/SP, a cidade intensamente povoada, supercondensada vai na onda verde, aumentando espaços para o pedestre, Natal segue na Via Costeira e na Rota do Sol amarelo, dando preferência a carros em velocidade, atropelando o futuro, ciclistas e pedestres. E chovendo fica bem pior, os amarelinhos se escondem, tal como o Sol.

 

 

RN, 18/09/15

 

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